sábado, 20 de julho de 2013

O tempo passa e sem ver vou colecionando feridas que o gosto acido da vida foi deixando em mim. vou guardando amores que não deram certo, cartas que não foram enviadas, sentimentos que não foram revelados e músicas que deixei de escutar. Vou estocando lágrimas e alguns sorrisos, que com o tempo foram ficando meio blasé. Sempre me entregando muito para aquelas pessoas que me fazia bem e que me davam atenção, mesmo que fosse pelo espaço de um segundo, acabei construindo sonhos em terras pouco férteis, semeei sementes de pura vida em corações apodrecidos, e foi uma pena descobrir tão tarde que naqueles corações, onde eu reguei tanto amor e luz nunca nasceriam nenhuma única erva infeliz. Mas talvez eu tenho sido feito justamente para isso, para me entregar de corpo e alma para o mundo sem receber nada em troca, para passear pela vida das pessoas levando um bocado de ilusão e pouquíssima realidade, para observar as cores do mundo mas sem poder usá-las para pintar o meu próprio sorriso. Talvez eu tenha sido feito para viver alguns picos de ternura e de glória mas que eu tenho a plena certeza que logo logo eles serão diluídos nas águas da saudade, e o que vai me restar são perguntas, dúvidas de como a felicidade pôde me visitar de forma tão rápida e tão intensa e de repente ir embora, me deixando sem nada, e eu que fui radioso e feliz, volto a viver de instantes inertes, sem muito sabor, mais uma vez. As vezes me pergunto o quanto as pessoas conseguem levar de mim, ou se elas conseguem levar o mesmo tanto que eu posso levar delas. Das pessoas que a vida trouxe até mim, eu tento trazer comigo cada palavra, cada gesto, cada olhar, carrego tudo comigo numa mala especial, que cuido com zelo pois foram exatamente essas pessoas que fizeram a minha história ser a minha história, fizeram da minha vida algo diferente, único e meu. e as pessoas? o que elas levam de mim? acho que não muita coisa. elas esquecem tão rápido da felicidade, do brilho no olhar, as pessoas simplesmente passam por cima de tudo que é bom só pelo orgulho de se mostrar superior, as pessoas se esquecem dos sorrisos sinceros, se esquecem de mim. E me pergunto hoje de baixo desse céu de poucas estrelas: você? o que levou de mim? Acho que jamais vou saber, mas qualquer hora dessas, quando você quiser se lembrar de mim, dê uma olhada no retratinho que a gente tirou junto, eu digo isso porque tenho medo que um dia, você também me esqueça.