quarta-feira, 28 de maio de 2014

Nascemos tão livres! Mas mesmo assim insistimos nos fazer prisioneiros de nossa própria liberdade. Dia após dia temos a belíssima oportunidade de construir dias perfeitos, mas ao contraio disso, usamos nossas horas para fabricar memórias descartáveis. Abrindo mão de porções tão pequenas de nós mesmos, no fim acabamos ficando sem pedaços inteiros daquilo que dia fomos. Talvez, instintivamente, criamos um bloqueio para tudo aquilo que é grandioso demais para se fazer nosso, então preferimos nos habituar ao "pouco" ao invés de procurar a pungência que nos transforma em grandes almas: optamos por valorizar momentos de pouca glória, perto de pessoas de pouca profundidade para, aos poucos, moldar um passado de nos traz pouca saudade. Um passado que devora o presente instantâneo e sem ver, já somos escravos dos nossos rastros na areia do tempo. Penso que esquecemos que a essência de um perfume não está na prateleira em qual fora colocado, mas sim, dentro do seu próprio frasco. Pessoas são como perfumes: nossa essência se encontra trancada dentro do frasco transcendental da alma e não na prateleira previsível que fomos designados. Talvez eu tenha aprendido que ser grandioso não signifique necessariamente ser efusivo. Ser grandioso é saber ser adequado, ser sutil aos olhos terceiros, saber reservar minhas explosões com uma educação superiormente apurada e ter a decência e a maturidade para decifrar em quais momentos a vastidão da minha alma deve ser ligeiramente compartilhada com alguém além de mim, para assim criar lembranças as quais eu me orgulhe em emoldurar.